A reprodução de originais: apresentaçãoA reprodução de originais: apresentação

A primeira redação de uma obra jamais é a definitiva, com raríssimas exceções, de maneira que ao digitador, no caso de este não ser o próprio autor, compete “traduzir” o manuscrito ou, mesmo no caso de um pré-original digitado, organizar as interferências do texto.
Os tipos de erros continuam sendo reproduzidos modernamente pelos copistas da atualidade, os digitadores, de acordo com Araújo (2008, p. 126). São eles:
1) Erros de correção: o digitador, ao deparar-se com uma forma verbal, semântica, sintática ou lexical que lhe pareça insólita, “corrige” o original, alterando-o muitas vezes no sentido da frase, num efeito de estilo e assim por diante; 
2) Erros de transposição: o digitador lê erroneamente uma determinada letra, sílaba e até palavra, transpondo-a para sua reprodução em lugar daquilo que estava no original;
3) Erros de omissão: o digitador, em geral por falta de atenção ou entendimento do que transcreve, deixa de produzir uma letra, uma sílaba, uma palavra e até uma ou mais frases;
4) Erros de inserção: o digitador acrescenta, involuntariamente, em sua reprodução uma letra ou até uma palavra ao original; 
5) Erros de substituição: o digitador lê, ou entende, de modo errado o que se encontra no original, registrando letras, sílabas ou palavras que podem ou não fazer sentido no contexto da frase;
6) Confusão de letras: o digitador, por falta de atenção ou por defeito do original, troca determinadas letras que, na formação do vocábulo e no contexto da frase fazem sentido aparente;
7) Confusão de abreviaturas: em razão da multiplicidade de grande número de abreviaturas da escrita cursiva, o digitador com frequência se engana em sua interpretação do original manuscrito.
Além desses tipos de erros comuns, os recursos oferecidos pelos programas de processamento de textos também podem ocasionar novos tipos de erros: comandos efetuados involuntariamente podem provocar a eliminação de parágrafos inteiros, ou a substituição indevida de fontes, ou a aplicação equivocada de espaços, entrelinhas, etc. São comuns em arquivos eletrônicos erros de movimentação de texto, desformatação de realces gráficos, hierarquização do texto, etc. Portanto, é necessária uma atenção redobrada tanto na etapa de digitação quanto na do cotejo com o original.
Deve-se considerar que entre a redação do manuscrito e o trabalho do editor de textos às vezes permeiam nunca menos do que duas versões preliminarmente digitadas, de maneira que, em princípio, o editor teria de confiar na leitura atenta do autor quando se tratasse do texto definitivo. Na prática, entretanto, pela exaustão de leituras sucessivas do mesmo escrito, sempre escapam erros ao autor, não raro óbvios, que têm de ser corrigidos. Quando os erros não são evidentes, compete ao preparador de originais consultar, se houver, a penúltima versão ou o próprio autor.
De qualquer maneira, é imprescindível que o original destinado ao editor de texto e, depois do trabalho de normalização, o original destinado à impressão se encontrem absolutamente corretos, ou se aproximem desse ideal. Por isso é tão importante que depois de entregue o original o autor se distancie dele e o assuma como está, pois é justamente na fase de provas, quando o autor quer inserir ou suprimir palavras ou trechos inteiros, que acontecem os erros: o arquivo vai trocado para a impressão, o índice não é mudado, perde-se a diagramação prévia, e por aí vai.
A apresentação “limpa”, não apenas sem o mínimo de rasuras, mas coerentemente normalizada dos originais significa não só que haverá grande economia de tempo na composição, mas que a primeira prova terá muito menos erros do que a dos originais confusos, pontilhados de emendas.
Os originais preparados com processadores de texto deverão ser isentos de qualquer anseio que o autor tenha em matéria de diagramação ou formatação. Quanto mais o original estiver livre de mudanças de fontes, corpos de tipos diferentes, entrelinhamento variado e diferentes posições para títulos, subtítulos, aberturas de capítulos, mais fácil será o trabalho do designer gráfico ou diagramador.

Referência

ARAÚJO, Emanuel. A construção do livro: princípios da técnica de editoração. 2. ed. Rio de Janeiro: Lexicon, 2008. p. 126-130.

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