Resumo do artigo “Retextualizar e reescrever, editar e revisar: reflexões sobre a produção de textos e as redes de produção editorial”, de Carlos D’Andrea e Ana Elisa Ribeiro (referência completa ao final do texto).
De acordo com os autores, parece não ser consenso entre os linguistas (e pesquisadores de áreas afins) as noções dos diferentes aspectos entre os conceitos e as ações de retextualização, revisão, edição e reescrita. Em várias ocasiões, dois ou mais desses conceitos são citados como sinônimos, ainda que em outros contextos alguns pesquisadores procurem apresentar diferenças e limites entre eles. Na reescrita, intervém-se acima do mesmo texto, enquanto na retextualização, passa-se de um meio para outro, que pode ser a oralidade e a escrita. A retextualização é uma modificação mais ampla do texto, podendo-se inclusive alterar o meio em que ele é produzido/ veiculado (por exemplo, entrevista oral para notícia escrita, ou do texto impresso para a notícia do rádio). A reescrita só poderia ocorrer do escrito para o escrito. “Toda retextualização é reescrita, mas nem toda reescrita gera uma retextualização.” (D’ANDREA; RIBEIRO, 2010, p. 66).
No processo de retextualização, mais do que intervenções de caráter meramente linguístico, interessa a adequação de um texto à determinada situação comunicativa, o que pode implicar em mudanças na composição tipológica ou genérica, não sendo este o caso da reescrita. A reescrita pode também ser associada ao processo de produção de texto cujo objetivo maior é a alteração de trechos de um original, mantendo-se sua estrutura básica, mesmo que a intervenção seja mais intensa.
A rede de atuações dos profissionais que trabalham diretamente com o texto é extensa, cheia de diferenças tênues entre uns e outros profissionais (revisores, editores, copidesques, revisores de provas etc.). Revisores profissionais, geralmente, têm o propósito de reescrever para tornar um texto mais legível, com o devido respeito ao original. “Não se trata de ‘ensinar’ um autor a escrever, mas de colaborar com ele para que seu texto possa ser apresentado a um público.” (D’ANDREA; RIBEIRO, 2010, p. 69).
A tarefa de revisão é uma etapa avançada da produção editorial. O revisor de estilo trabalha sobre textos já diagramados, uma vez que precisa estar atento a aspectos da composição gráfica definitiva, tais como alteração de fontes, corpos, hifenação e relação com imagens. O texto original deve prevalecer, muito embora o profissional que trabalha sobre ele possa melhorá-lo. A leitura e a correção não são estas do leitor final, consumidor do livro pronto, mas a de outros profissionais que fazem parte da rede da produção editorial, tais como diagramadores e projetistas, que precisam incorporar ao texto em processo de edição as “emendas” feitas pelos especialistas.
A função do preparador de originais é realizar a normalização do texto de acordo com as exigências do conteúdo e o estilo da editora, e eliminar aparas, constituindo com seu trabalho uma espécie de controle de qualidade. Já o copidesque, tantas vezes sinônimo da preparação, é uma atividade exercida por um profissional que reescreve, edita o texto original, sempre em negociação com editor e autor, portanto, trata-se de uma prática que intervém mais profundamente sobre um texto original, visando que o original seja legível. O trabalho de copidescagem implica adequação do texto às convenções e normas editoriais. Envolve uma formalização textual, correção gramatical e reescritura do texto, dar nova redação a um texto com o objetivo de publicá-lo. A revisão de provas, no entanto, é descrita como uma atividade de cuidados também com aspectos extralinguísticos do livro, um olhar certamente mais amplo do que o daqueles que apenas se preocupam com gramática e letra.
O texto na íntegra está disponível neste link:
D’ANDREA, Carlos F. B.; RIBEIRO, Ana Elisa. Retextualizar e reescrever, editar e revisar: reflexões sobre a produção de textos e as redes de produção editorial. Veredas on-line, Juiz de Fora, n. 1, p. 64-74, 2010.