Um bom revisor não é aquele que faz seu trabalho rapidamente, que pode corrigir centenas de páginas em um dia. A leitura de um revisor profissional é muito mais pausada em comparação a de um leitor comum. O revisor observa não só pequenos detalhes, como vírgulas, pontos e acentos, mas também o sentido do texto, a coerência, entre outros aspectos.
Uma agência francesa de correção demonstrou em um estudo comparativo (2010), por seguimento ocular (eye tracking), duas estratégias distintas de correção de um texto. A intenção da pesquisa era comparar os diferentes resultados enquanto eficácia entre um revisor profissional, com formação específica para essa função editorial e um jornalista, também profissional em comunicação escrita como o primeiro, porém sem especialização em revisão propriamente dita.
Segue abaixo um resumo da transcrição do vídeo traduzida para o espanhol e disponibilizada no blog Post scriptum, referências no final deste texto.
No vídeo se vê a sequência gravada do olhar de duas pessoas no processo de correção de um texto que contém os mesmos erros com o uso do editor de textos MS Word.
Os círculos azuis indicam a posição do olhar, e seu diâmetro aumenta à medida que se prolonga a fixação ocular. As linhas azuis indicam as diversas soluções entre as fixações.
A primeira parte reproduz a sequência de revisão de Christine, especialista em comunicação escrita, mas não profissional de correção. Os movimentos dos círculos azuis são numerosos e acontecem muito rapidamente. A vista de Christine varre o texto tal como faria um leitor comum. Menos da metade das palavras são objeto de fixação, e em sua primeira leitura, Christine não detecta nenhuma falta. Em sua segunda leitura segue sem notar muitas palavras. Entre duas fixações o olho não trabalha e, portanto, não pode isolar os erros. Sua especialização em comunicação escrita e seu profundo conhecimento das normas da língua não foram suficientes para Christine realizar uma correção perfeita de um texto.
Na continuação se reproduz a sequência de correção de Clarisse, revisora profissional. De início se pode observar a precisão de seus movimentos oculares: as soluções são regulares, completamente controladas graças a uma concentração imediata e constante. As fixações de Clarisse são muito extensas, quase o dobro das de Christine, o que demonstra a atenção prestada a cada palavra, a cada sinal. Clarisse fará a correção do conjunto dos desvios no texto na primeira passada; a segunda e última leitura servirá de controle. Além de um domínio perfeito das normas ortográficas, gramaticais e tipográficas, a correção profissional exige um esforço adicional de atenção, concentração e rigor que tem de se manter sobre textos às vezes muito longos.
Ao final do vídeo, um esquema visual ilustra o conjunto de fixações de Christine em sua primeira leitura: os pontos de fixação estão dispersos e deixam descobertas zonas claras que correspondem às numerosas palavras que escaparam de sua atenção. Comparativamente, o esquema visual de Clarisse, denso e completo, não omitiu nenhuma palavra e sinal.
O experimento demonstra que a correção profissional é um ofício que requer um olho experimentado, rigoroso e metódico.
Fontes:
http://contactolinguistico.blogs.sapo.pt/15690.html
http://bioedicion.blogspot.com.br/2010/06/transcripcion-y-traduccion-de-loeil-du.html