A produção editorial: primeira etapa – copidesque, preparação de textosA produção editorial: primeira etapa – copidesque, preparação de textos

O caminho do original de um livro até o ponto de venda é longo e passa pelas mãos de diversos profissionais, sendo modificado e reestruturado conforme as normas editoriais da casa. Engana-se quem pensa que a obra publicada é a reprodução exata saída da imaginação dos autores, portanto, não existe mágica, mas sim muito trabalho, horas de envolvimento com o texto, sem contar os profissionais que farão a parte gráfica (diagramadores, capistas, designers).
Quando um livro chega para uma primeira revisão, chamada de copidesque ou preparação de texto, o preparador/revisor de textos deve levar em conta que o autor forneceu um texto correto em termos informativo e gramatical, mas dificilmente haverá nesse mesmo texto unidade perfeita quando ao uso sistemático de pontuação, sinais diacríticos, de maiúsculas, de reduções (abreviaturas, siglas) e muitos outros detalhes.
A preparação de textos ou primeira revisão é a primeira etapa do trabalho editorial e deve ser executada antes da diagramação do livro. Nessa primeira revisão serão verificados os aspectos estruturais e formais do texto; é feita a correção gramatical e ortográfica, além da padronização de referências e de critérios editoriais. A preparação de textos/primeira revisão é feita na tela do computador em programas de edição de textos, preferencialmente o Word.
De maneira simultânea ou após a preparação, o livro recebe o projeto gráfico, elaborado por um designer, que determina as suas características físicas: formato, tipo, corpo, entrelinha, aberturas de capítulos, etc. Então o texto é diagramado de acordo com o projeto gráfico e tira-se a primeira prova em papel.
A partir daí inicia-se a revisão de provas, o revisor trabalha com o texto já diagramado, impresso ou em arquivo PDF. Para conter custos e ganhar tempo, boas editoras fazem apenas três provas, sendo a terceira apenas para conferir as correções solicitadas na segunda prova. Está ficando cada vez mais comum a revisão em PDF.
Terminada a revisão de provas, o arquivo é fechado e um PDF é encaminhado para a gráfica que fará a impressão do livro.
De acordo com o filólogo e editor Antônio Houaiss em um simpósio sobre editoração promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 1970, esse processo é necessário porque em 90% dos casos, os autores não apresentam os originais nas condições desejadas para a editoração. “[…] Mesmo quando linguisticamente o texto esteja em situação ideal, um preparo prévio, rápido que seja, tem de ser feito: a padronização da editora. Entretanto, em 90% dos casos, o texto entregue pelo autor não corresponde àqueles requisitos mínimos exigidos para que possa ser submetido imediatamente à fase compositora e impressora, porque apresenta uma série de defeitos orgânicos.” (HOUAISS apud MAGALHÃES; HOUAISS; SILVA, 1981, p. 51).
O trabalho com o texto é a fase mais demorada e fundamental da produção editorial, e todo o tempo e o empenho investidos nessa etapa resultam em economia de recursos e em um produto final muito melhor.

Referências

HOUAISS, Antônio. Preparação de originais I. In: MAGALHÃES, Aluisio; HOUAISS, Antônio; SILVA, Benedicto et al. Editoração hoje.  2. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1981. p. 51.

TAVARES, Ibraíma Dafonte. Preparação e revisão. Apostila. São Paulo: Universidade do Livro; Editora Unesp, 2016.

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