Pouco se ouve falar sobre os profissionais de revisão textual. Muitas pessoas ainda desconhecem os processos que os textos passam antes de chegarem às mãos dos leitores. Mas o fato é que, onde houver textos que irão a público, haverá revisores, dos minúsculos aos maiores, nenhum texto está isento de revisão.
São pouco conhecidos esses profissionais que realizam trabalhos em textos alheios, para torná-los melhores. Não existem cursos superiores com esse título: Revisores Textuais. Essas especializações se dão em cursos de pós-graduação latu sensu. Na maioria das vezes, quem procura por esses cursos são as pessoas formadas em Jornalismo ou em Letras e, as qualificações são feitas, de modo que os revisores possam atuar em qualquer área do conhecimento humano, ou seja, não existem revisores por área específica. Portanto, quando os indivíduos portam o título de revisor textual, sua função não se limita em uma única área.
Os revisores se posicionam como primeiros leitores dos textos, com finalidade de encontrar os problemas. Por isso, eles são diferentes dos leitores comuns. O leitor comum exige textos mais perfeitos possíveis e, por essa razão, o ato de revisar sempre foi muito importante.
Os revisores são aqueles profissionais de quem se deve cobrar adequação de linguagem do texto, portanto, é essencial que possuam o conhecimento linguístico. Por conseguinte, é necessário que tenham domínio da língua em que desenvolvem seu trabalho e, nesse sentido, demandarão conhecimentos de vocabulário, gramática, uso adequado da pontuação, entre outros.
Os profissionais que exercem a função de dar qualidade aos textos, mais do que ninguém, devem saber utilizar a linguagem de modo regular. Principalmente quando se trata de língua padrão.
Existem muitos fatores que contribuem para que um texto se torne agradável, como por exemplo, estar enquadrado linguisticamente à função que ele desempenhará. É nesse ponto que entra a procura dos autores pelos revisores. Esses profissionais enxergarão falhas que, às vezes, foram atropeladas no desenvolver do texto. Desse modo, nenhum texto está isento de revisão. As revisões dos textos são feitas em função das cobranças que os autores sofrem.
Na maioria das vezes, o dever dos revisores é normatizar um texto dentro de uma gramática de uma determinada língua. É pela prática da leitura que os autores dos textos interagem com os leitores. Eles ensinam a ler, escrever, dar sentido e gerar expectativas. Luft (1985, p. 29) apresenta uma sugestão:
É lendo que se fortalece, apura e sutiliza a gramática introjetada desde as primeiras palavras ouvidas na infância. É lendo que se refina o “ouvido idiomático” ou “sentimento linguístico”, que outra coisa não é senão a mesma gramática interior. Mais: lendo, interioriza-se também a gramática artística ou literária, adquire-se o manejo de uma língua além da cotidiana e rasa. Ficamos então capacitados bem em linguagem culta.
Muitos acreditam que os produtores de textos já possuem o dom da escrita e, por isso, têm a obrigação de já produzi-los com todas as adequações linguísticas exigidas. A maioria dos leitores não conhece a longa história do processo de preparação de livros, revistas, jornais, entre outros. Qualquer material escrito, a responsabilidade de se fazer uma revisão eficaz é grande. Mas se houver imperfeições linguísticas em livros, o prejuízo é maior, porque a maioria dos livros fica armazenada em prateleiras de bibliotecas ou em outros lugares até pela eternidade. Embora pouco se discuta a esse respeito, o ato de revisar é uma profissão muito antiga.
É comum quase 100% dos materiais referentes a textos chegarem às editoras inadequados à publicação. Os autores que se consideram capazes de revisar seus próprios textos correm o risco de não ver bons frutos do seu trabalho e de se lamentar, futuramente, ao ver um trabalho já impresso, cheio de incorreções. (…) Os revisores enxergam imperfeições nos textos melhor do que os próprios autores. Em razão do vínculo com os textos, os escritores se tornam insensíveis aos erros.
REFERÊNCIAS
LUFT, Celso Pedro. Língua e Liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino. Porto Alegre: L&PM, 1985.
PASSOS, João Augusto de Oliveira; SANTOS, Maria Lino dos. Leituras, Revisão Textual e o Revisor. Artigo de Pós-Graduação em Assessoria Linguística e Revisão Textual, da Universidade Estadual de Goiás-Anápolis. Disponível em: Acesso em: 05 maio 2013.
IMAGEM: ANGELO, Alessandra. Composição com capa do songbook (detalhe) Nas Trilhas do Tempo, de Hilton Barcelos. Primavera Produções, 2009.
Muito interessante e útil saber e quando precisar, recorrer.